Logística reversa e economia circular mobilizam projetos de iluminação pública e privada
Foto por: Patrick Tomasso
Não são apenas as indústrias ligadas aos setores automobilístico, cosméticos, vestimenta que as políticas de ESG (Environmental, Social and Governance) têm pautado iniciativas. De olho em soluções cada vez mais sustentáveis e também em valores de responsabilidade social, o mercado de iluminação também tem desenvolvido ações cada vez mais comprometidas com a preservação ambiental.
Prova disso, tanto na esfera pública quanto privada, operações de logística reversa, que prevê a destinação adequada de resíduos e a reutilização de materiais pelas empresas estão ganhando força, principalmente após a instituição da Lei 12.205/10 que instituiu o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, e mostrando que é possível desenvolver alternativas para combater o risco de esgotamento dos recursos naturais e o reaproveitamento de diferentes tipos de materiais na composição de novos produtos com qualidade.
“Cada vez mais está sendo exigido das empresas o comprometimento com iniciativas de sustentabilidade e ações que revertam em benefício da coletividade e não somente o fornecimento de um produto ou um serviço. Por sua vez, elas têm se preocupado em criar soluções inovadoras que gerem menos resíduos e sejam reutilizáveis”, conta Luciano Rosito, diretor comercial da Simon-Tecnowatt Iluminação.
Iluminação Pública
No caso da iluminação pública (IP) não é novidade que a substituição dos parques constituídos de lâmpadas à vapor pela tecnologia LED tem estimulado os municípios brasileiros. Além de proporcionar maior economia na geração de energia, melhor luminosidade, também contribui para o meio ambiente,
“A modernização da iluminação das cidades com luminárias LED colabora não somente com a redução do consumo de energia elétrica e melhor iluminação para qualidade de vida das pessoas, mas em utilizar produtos mais duráveis com menor taxa de falhas, que exigem menor manutenção, reduzindo gastos e recursos de equipamentos e mão de obra para reparos. Quando um produto falha, é possível recuperá-lo através da troca de algum componente interno, sem necessidade de descartar o conjunto por um equipamento novo”, explica Rosito.
No processo, um dos pontos de atenção das empresas e do poder público é o descarte adequado de materiais ou o possível reaproveitamento. A IP Minas, por exemplo, consórcio que atua na modernização do parque de Ribeirão das Neves (MG), desenvolveu em parceria com a administração pública, um projeto de destinação dos resíduos obtidas na substituição das luminárias de alumínio, para a Cooperativa de Materiais Reciclados (Coomarrim) e beneficiado famílias que têm como atividade econômica a coleta e a reciclagem.
De acordo com uma publicação do consócio, no ano passado, a substituição de 1.200 luminárias por mês gera em torno de 2,5 toneladas de materiais para reciclagem. Vale citar que o alumínio é um dos materiais com maior possibilidade de reaproveitamento. Pode ser reutilizado na indústria alimentícia, em embalagens de alimentos e bebidas, metalurgia, fundição, entre vários outros, sem perder suas características, contribuindo para a cadeia econômica e proteção ambiental.
O processo de modernização da iluminação pública adotado por muitas cidades tende a ampliar o reaproveitamento de materiais. Só para se ter uma ideia, de acordo com a 2ª edição do Panorama da Participação Privada na Iluminação Pública, da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Iluminação Pública (ABCIP), divulgado em 2021, aponta crescimento de 19 para 52, no número de contratos assinados para concessão de IP, no comparativo 2019 e 2020, colocando em prática mais de 400 projetos de modernização e investimentos na ordem de R$ 18 bilhões. O País contabilizou no ano passado 18 milhões de pontos de iluminação pública.
De acordo com Luciano Rosito, as ações visando a manutenção da natureza vão além do descarte e reutilização dos componentes. “A preocupação com a diminuição dos impactos ambientais deve estar também na redução da poluição luminosa e da luz intrusa, assim como utilizar fontes de luz que interfiram o mínimo possível na saúde das pessoas, da fauna e da flora”, explica.
Descarte adequado de lâmpadas fluorescentes
No caso das lâmpadas fluorescentes, o processo de logística reversa - que envolve separação de material, embalagem e destinação adequada e armazenamento - exige alguns cuidados, já que podem contaminar o meio ambiente e trazer malefícios à saúde das pessoas por conta da própria composição química do objeto.
Por conta disso, um dos requisitos é incluir o material descartado na sua embalagem original ou embrulhar em papel, jornal, caixa de papelão ou outro tipo de recipiente para evitar o contato direto, reforçar a proteção e de preferência na posição vertical.
Outras ações sustentáveis
Vale destacar que as empresas privadas também estão contribuindo para a ampliação das iniciativas sustentáveis do setor. E exemplos, não faltam.
Alguns deles foram apresentados na edição recente da Expolux Digital Week - evento on-line, realizado em setembro de 2021 - envolvendo casos bem-sucedidos não apenas de logística reversa como, também, de economia circular.
A palestra Iluminação Circular: a luz como ferramenta de sustentabilidade, conduzida pelo arquiteto e gerente de produto da Omega Light Iluminação, Ricardo Fahl, destacou a atuação da empresa em ações de sustentabilidade e mostrou que o desenvolvimento de parcerias com empresa especializada em economia circular e cooperativa de catadores para reaproveitamento do plástico tem trazido resultados positivos. (confira matéria aqui)
Aliás, foi em 2018, que a fabricante lançou os primero produtos utilizando resíduos do componente pós-consumo, fornecidos por clientes. No total, mais de 500kg de cabides e embalagens foram transformadas em 4.000 projetores, em uma ação que envolveu a empresa parceira e resultou no desenvolvimento de uma matéria-prima utilizada até hoje: a resina específica para fabricação de luminárias sustentáveis chamada Leaf, criada a partir da coleta de materiais plásticos que passam por processos de separação, descontaminação, extrusão, granulação e injeção, segundo informa a empresa.
Com o desenvolvimento da linha Leaf, que tem possibilitado a combinação de produtos que aliam consciência ambiental a módulos Led e drivers, garantindo como resultado projetos luminotécnicos com responsabilidade ecológica e social, a fabricante estima um potencial aproximado de reutilização de 1.500kg de plástico por ano. Além disso, atualmente, conta com um comitê de sustentabilidade, formado por colaboradores de diferentes setores para atuar nas metas e objetivos para preservação ambiental.
Diante do conjunto de 17 diretrizes desenvolvidas pela Organização das Nações Unidas para 2030, a ODS 2030 (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) que prevê entre suas metas, redução da emissão de dióxido de carbono e reaproveitamento de materiais descartados, iniciativas como estas deverão ganhar mais espaço no escopo de compromissos assumidos pelas empresas. E, no que depender dos consumidores, também, já que a política ambiental é um dos fatores que fortalecem a imagem das empresas, sejam elas públicas ou privadas.
O ciclo sustentável da iluminação será um dos temas presentes na próxima edição da Expolux, principal evento da América Latina voltada para as empresas do setor, que acontecerá entre os dias 02 e 05 de agosto de 2022, no Expo Center Norte, em São Paulo.
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