A importância da integração de luz natural e artificial para o bem-estar
A importância da integração de luz natural e artificial para o bem-estar
Ciclo circadiano, iluminação natural, temperaturas de cores. Esses são apenas alguns dos temas que seguem permeando debates quando o assunto é qualidade de vida e bem-estar em projetos de arquitetura e iluminação.
O artigo “Como a iluminação afeta o humor?”, publicado no site ArchDaily, em 2021, traz informações relevantes sobre a relação das pessoas com a iluminação natural e artificial e ressalta a importância da exposição equilibrada para o organismo. “Pesquisas mostram que um volume adequado de luz diariamente melhora os níveis de humor e energia, enquanto que a iluminação insuficiente contribui para a depressão e diversas outras carências no corpo. A quantidade e o tipo de iluminação afetam diretamente a concentração, o apetite, a disposição, etc”, traz o texto.
E não é de hoje que a preocupação com a saúde, aliados à eficiência, conforto e estética, tem norteado o trabalho de profissionais da área e segue pautando debates e apresentações em encontros do setor que reúnem especialistas, representantes da iniciativa privada e da administração pública à medida que novas soluções, tecnologias e pesquisas são desenvolvidas.
Na Expolux 2024, por exemplo, painéis como O impacto da luz ambiental nos processos de defesa dos seres humanos – o eixo imune-pineal, Iluminação integrativa na prática, Luz saudável em ambientes de saúde e Conexão da natureza com o ambiente construído são recortes que abordarão a tema de forma conectada com o atual cenário de mercado.
Mas quais mudanças esse movimento traz para os projetos? “A temática saúde e bem-estar alcançou grandes proporções durante a pandemia, mas há anos já estava em debate na academia, na prática em alguns escritórios de lighting design, principalmente no exterior, e também em certificações de edifícios”, afirma Veridiana Scalco, arquiteta, urbanista, lighting designer e sócia-fundadora da Janela Lab – daylight + lighting design, escritório especializado em projetos luminotécnicos BIM e consultorias de iluminação natural.
“No meu ponto de vista são mudanças significativas na forma de planejar um projeto. A produção de equipamentos que “simulem” a luz natural de alguma forma para o retrofit de edifícios, situação onde não há um leque de soluções, é interessante e algumas pesquisas mostram que, em certa medida, são eficientes na conexão com o nosso cérebro”, explica a gestora.
Com base na sua especialidade, a executiva, que será uma das palestrantes da Expolux neste ano, ainda conta que, na prática, considera “primordial analisar a luz natural com o auxílio de um especialista se estamos começando um projeto do zero, onde há mais possibilidades de soluções. Para a iluminação noturna é importante a escolha de equipamentos que favoreçam a saúde e o bem-estar, ou seja, demanda conhecimento em relação ao que a indústria está produzindo e atualização profissional em relação a estes conceitos”.
E de que forma a integração entre luz natural e iluminação artificial pode compor ambientes e beneficiar o bem-estar dos usuários?
De acordo com a especialista, um dos passos fundamentais para o projeto bem sucedido está na importância de considerar os dois tipos de iluminação como parte de um sistema único e, para isso, o trabalho integrado de profissionais de arquitetura e lighting designers.
“Neste sentido, a luz natural é a nossa base de trabalho com a definição inicial do arquiteto para as formas arquitetônicas e disposições de aberturas. Resolvendo essa parte da iluminação diurna, o projeto luminotécnico é ajuste fino para complementar a luz do dia e habilidade para criar cenários para o período noturno, conforme o briefing, partindo para as definições de pontos, produtos, simulações de cálculo e ajustes”, acrescenta Veridiana.
O papel das ferramentas digitais e análise de dados
Uma série de recursos podem tornar os projetos mais eficientes, o que significa, consequentemente, atender a propósitos de bem-estar. Entre eles, a metodologia BIM (Bulding Information Modeling), que possibilita fazer uma modelagem tridimensional da planta e o armazenamento e compartilhamento de informações detalhadas das etapas e áreas do projeto.
“Considero que as ferramentas digitais mais comuns são os programas de simulação de luz natural e artificial. Importante salientar que existem muitas possibilidades no mercado e devem ser validados para que se tenha confiabilidade nos resultados. Estou há 24 anos na área de iluminação e sempre trabalhei com simulação em diversos programas. Hoje em dia, temos a possibilidade de utilizar as simulações também de forma paramétrica analisando dados de maneira muito mais eficiente”, diz Veridiana.
Ela ainda acrescenta: “acreditamos que todo dado que tenha validade amostral e que auxilie no briefing para um bom projeto seja válido. Geralmente, notamos que eles começam a ser usados primeiramente na academia e depois encontram espaço no mercado; neste sentido, é como desenvolver uma breve pesquisa para embasar o projeto. É uma prática incrível”.
Na Expolux, a especialista ministrará a palestra Conexão da natureza com o ambiente construído. Segundo ela, “falar da natureza é falar sobre o nosso ambiente natural. A luz é imprescindível e faz parte do nosso dia a dia. Pode passar despercebida por alguns, pois já é uma velha conhecida. Mas como lighting designers o nosso olhar é clínico, principalmente para profissionais que consideram a luz como um sistema integrado – natural e artificial. O assunto conecta com a arquitetura, que considera o ser humano como o foco do projeto. Seja para criar ambientes residenciais preocupados com o bem-estar e saúde ou para criar uma experiência importante aos clientes que frequentam espaços comerciais, a visão humanizada da produção de espaços arquitetônicos e urbanos é um tema atual”, finaliza.
A Expolux será de 17 a 20 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo. A programação e o credenciamento on-line e gratuito estão disponíveis em https://www.expolux.com.br/. Faça sua inscrição.