A iluminação na neuroarquitetura: conheça a importância
Nos últimos dois anos, houve uma profunda mudança na relação das pessoas com seus lares devido à necessidade de maior permanência em casa, motivada pela pandemia de covid-19. Não é à toa que as pequenas reformas para melhora dos ambientes internos e externos foram impulsionadoras do setor da construção civil, que registrou crescimento do PIB em 9,7 em 2021, como divulgado pelo Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).
Na esteira deste movimento, a neuroarquitetura – conceito que agrega concepções da neurociência ao desenvolvimento de projetos arquitetônicos – e a sua relação com a iluminação tem ganhado destaque. “Por exemplo, muito dos ambientes escolhidos para o home office, antes eram espaços de curta permanência com iluminação integrada a uma sala ou a um quarto e tiveram que ser redefinidos por meio de reformas, novos móveis e projetos de luzes adequados, já que as pessoas passaram a trabalhar o dia inteiro nesses locais. No caso da iluminação, foi necessário implementar aquelas similares as de escritório, sala de aula ou laborativa para maior comodidade e cuidados com a saúde”, explica Alberto Biancalana, arquiteto luminotécnico e especialista em Lighting Design (LD).
Mas o conceito não está relacionado apenas ao home office e, de acordo com especialistas do setor, o estudo da influência dos ambientes no comportamento humano tem proporcionado novas descobertas e possibilidades. Apesar de recente, o estudo da neuroarquitetura é aplicado há aproximadamente duas décadas em diversos projetos envolvendo ambientes organizacionais, sensoriais, humanizados e interativos, com a luminosidade pensada para favorecer os espaços, os mobiliários, objetos decorativos e também os usuários, graças à versatilidade que os diferentes tipos de luzes oferecem. “A iluminação muitas vezes cria, com uma luz leve e direta para permanência, o clima acolhedor de uma casa, a atmosfera estimulante, energizante, calmante”, acrescenta o light designer.
Sendo assim, com o objetivo de tornar os espaços mais agradáveis – seja para a rotina de trabalho, lazer, um jantar em família ou o aprendizado de estudantes – contribui para o bem-estar e qualidade de vida. E a aplicação do conceito vai além dos ambientes domésticos. Está nas escolas, bares, restaurantes, lojas e em escritórios com propostas mais modernas e “descontraídas”.
Funções da iluminação na neuroarquitetura
Acompanhando este movimento, que une eficiência construtiva, design e bem-estar, o mercado de iluminação artificial tem projetado soluções cada vez mais eficientes e benéficas que podem ser agregadas aos projetos, como, por exemplo, propostas para equilibrar o ciclo circadiano (mecanismo natural de equilíbrio do organismo dos seres vivos entre dia e noite) e redução da radiação emitida por alguns tipos de luz.
Segundo Biancalana “hoje em dia existem dispositivos eletrônicos que contam com o filtro de luz e deixam as telas mais amareladas, mais opacas. É uma forma de tirar a radiação azul que é prejudicial, principalmente, após às 18 horas. O corpo não pode receber este tipo de radiação por uma ou duas horas antes de dormir porque isso impacta no equilíbrio das taxas hormonais e impossibilita atingir o sono revigorante”, exemplifica Biancalana.
Outro fator que tem incentivado os projetos de neuroarquitetura envolvendo a iluminação é a busca pela eficiência enérgética, redução de consumo e em alguns casos, conforto térmico, já que há uma maior valorização e aproveitamento da luz natural, com uso de grandes janelas, paredes de vidro, tijolos translúcidos e telhas transparentes, entre outras possibilidades oferecidas pelo mercado.
Além disso, a iluminação deve ser pensada em equilíbrio e contrastes, considerando também os espaços de sombra, como detalha o light designer. “Quem destaca tudo, não destaca nada. É preciso eleger hierarquia, iluminar o que está acima para receber destaque, relevância. Partindo desta lógica, a luz tem o poder de direcionar o olhar. De forma involuntária, olhamos para lugares mais iluminados, com destaque de luz, querendo ou não. A luz tem a função de criar segundos de direcionamento de olhar. Existem ângulos, focos, contrastes para utilizar em locais em que se busca impacto”.
Ao que tudo indica, a importância da neuroarquitetura deve impulsionar os projetos e inovações do setor de iluminação. Para o segmento, o especialista acredita que a tendência será o uso “da iluminação dinâmica, que muda a temperatura de cor, a intensidade ao longo do dia, integrado com automação como, por exemplo, as lâmpadas inteligentes, que também tem relação com questões psicológicas. Existem tecnologias de iluminação para guiar, sugerir, indicar e divertir e podemos trabalhar com recursos que são cada vez mais utilizados para trazer percepções novas, aliados ao simbolismo que uma temperatura de cor confere aos padrões existentes, construídos e explorados para gerar valor e efeitos para o futuro”, projeta Biancalana.
Com certeza a neuroarquitetura estará representada na próxima edição da Expolux, confirmada para acontecer entre 2 e 5 de agosto, no Expo Center Norte. Até lá, fique ligado nos conteúdos aqui do blog e em todos os temas disponíveis na plataforma digital Expolux Lights On. Para não perder nada, assine também a nossa newsletter!